Tempestade Interna: Como o Álcool e as Drogas Mudam o Cérebro e o Comportamento

A tempestade dentro de nós

Às vezes, me sinto como alguém em um barco em alto-mar, cercado por ondas que não param de bater.
Minhas emoções são essas ondas  imprevisíveis, intensas  e eu mal consigo me manter de pé. O medo de afundar é tanto que, para não sentir o balanço, prefiro ficar imóvel, sentado ou deitado, tentando não sentir nada.

Foi assim que conheci as substâncias. Elas me prometeram calmaria.

No início, pareciam perfeitas: o álcool e as drogas silenciavam os pensamentos, apagavam as dores e me faziam esquecer quem eu era por alguns instantes. Mas, com o tempo, percebi que esse “descanso” tinha um preço alto o controle da minha própria mente.

Quando o prazer é sequestrado

As drogas não agem apenas no corpo; elas se infiltram no cérebro, alterando a forma como os neurônios se comunicam e como o prazer é produzido.

Essas substâncias sequestram o sistema de recompensa, o mesmo que deveria ser ativado por um abraço, uma conquista ou uma lembrança boa.
O cérebro, enganado, passa a acreditar que o prazer verdadeiro só existe na presença da substância.

Com isso, o comportamento muda.
A vontade racional perde força.
As emoções se embaralham.
A mente, antes inquieta, agora depende de algo externo para se sentir “normal”.

E quando a droga não está presente, o cérebro entra em colapso: ansiedade, irritação e vazio voltam como uma onda gigante, pronta para virar o barco.

Quando o uso deixa de ser uma escolha

A verdade é que o uso deixa de ser uma escolha e se torna um reflexo do desequilíbrio neurológico.
A substância reprograma o cérebro para desejar apenas ela.
A pessoa passa a viver em um ciclo onde o prazer e a culpa andam de mãos dadas.

Esse ciclo é cruel porque o cérebro perde a capacidade de distinguir o prazer genuíno do prazer químico.
O que antes era uma decisão se transforma em dependência.

A boa notícia: o cérebro pode se reconstruir

Mas há algo que a ciência também mostra: o cérebro é Neuroplástico  ele pode se reestruturar.
As conexões podem ser refeitas.
Os sentidos podem ser reeducados.
E o prazer genuíno pode ser redescoberto aquele que vem da paz interior, não da fuga.

A recuperação não é simples, mas é possível.
Com apoio, terapia, propósito e tempo, a mente aprende novamente a encontrar prazer na vida, nas pessoas, nas pequenas vitórias e na própria existência.

Reflexão final

 

A tempestade pode ser forte, mas nenhum mar permanece revolto para sempre.
Com o tempo, a calmaria volta e nela, encontramos não o esquecimento, mas o reencontro com nós mesmos.

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