Meu caminho de volta para mim mesmo
Minha experiência com o álcool começou de forma inocente, como acontece com muitos: em festas de bairro, com amigos, nos momentos de descontração. Lembro da sensação de poder — eu bebia de tudo e não ficava bêbado. Aquilo me fazia sentir invencível, como se eu fosse um super-herói. Foi ali que o ciclo começou, silencioso e sorrateiro.
Aos poucos, cada final de semana se tornava uma desculpa para beber. O álcool deixou de ser lazer e passou a ser necessidade — nos momentos de alegria, de frustração, de fuga. Eu não percebia, mas estava entrando num ciclo que já não controlava. Comecei a buscar prazer e alívio nas substâncias, sem entender que, na verdade, estava tentando anestesiar conflitos internos que eu não sabia como enfrentar.
O álcool já não era suficiente. Outras substâncias vieram. A família perdeu o valor, os sentimentos ficaram entorpecidos, e tudo o que eu queria era ver o bar abrir ou encontrar algo que sustentasse meu vício. Sem isso, vinha a depressão. E com a depressão, os pensamentos que eu não queria enfrentar. Então eu bebia novamente. Um ciclo sem fim.
Com o tempo, perdi a credibilidade. Minha família duvidava da minha capacidade de voltar a ser quem eu era. E eu também. Me perguntava; “Qual será o meu destino?”
Mas Deus — meu Poder Superior — nunca me abandonou. Ele colocou um centro terapêutico no meu caminho. E ali, naquele lugar, eu descobri que o mundo não era meu inimigo. O maior inimigo estava dentro de mim: meus medos, minhas fugas, minha negação.
Hoje eu sei: permanecer limpo não é impossível. Basta força de vontade, honestidade e entrega diária. A luta é constante, mas cada dia de sobriedade é uma vitória.
Não preciso mais ser o super-herói de antigamente. Só preciso ser eu mesmo. Reconhecer minhas fraquezas, aceitar minha impotente perante minha droga de preferência, e trabalhar todos os dias para me tornar uma pessoa melhor.
